Jackson Cionek
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Consciência, Metabolismo e Realimentação - Brain Bee Ideas - Rethinking Consciousness

Consciência, Metabolismo e Realimentação - Brain Bee Ideas - Rethinking Consciousness


A consciência sempre foi um dos maiores mistérios da ciência. Mas e se entendermos que ela não é um “lugar fixo na mente”, e sim um movimento que se percebe ser dentro de um metabolismo produzido?


Essa ideia parte da noção de que não basta ter um cérebro funcionando para haver consciência. É preciso ter mente — e mente, aqui, significa um conjunto de processos que integram o corpo com o sentir.


1. O que é a Mente?


Usamos o termo Mente Damasiana, inspirado no neurocientista Antonio Damasio. Para ele, a mente nasce da interação entre:


* Propriocepção: percepção de onde está nosso corpo no espaço, e como ele se move.

* Interocepção: percepção dos sinais internos do corpo, como batimentos cardíacos, sede, calor, náusea ou dor.


Esses sinais não são só sensações — eles constroem quem somos a cada momento. Quando um estímulo nos afeta (externo ou interno), nosso corpo responde, e nossa mente cria uma imagem sentida desse momento. Isso é consciência: um eu que se referencia em tempo real.


Referência científica: Craig (2009), Khalsa & Lapidus (2016) — estudos mostram que áreas como a ínsula anterior e o córtex cingulado anterior são fundamentais para essa percepção consciente de si.


2. O que é um Eu?


Cada ação exige a ativação de um Eu Tensional — uma forma do corpo-mente organizar seus recursos para um fazer específico. Por exemplo:


* Um “eu para estudar”

* Um “eu para se defender numa discussão”

* Um “eu artístico” ao tocar música


Esses “eus” são formas de organização temporária do metabolismo, da atenção e da consciência. São como modos operacionais do cérebro-corpo. Ao ativar um Eu, a consciência “entra” nele e enxerga o mundo a partir daquele lugar.


Chamamos isso de Metabolismo Existencial: o modo como corpo, emoção e intenção se organizam para sustentar um “eu que age”.


3. E quando não há Eu?


Em momentos de silêncio interno, meditação profunda, sono REM fásico ou estados alterados, a mente pode funcionar sem um Eu estruturado. Isso é o que chamamos de meta-consciência — a mente percebe, mas não está presa a um papel, identidade ou tarefa.


Referência científica: A “Radical Plasticity Thesis” (Cleeremans, 2011) sugere que a consciência surge quando o cérebro começa a representar seus próprios estados e ações — e isso pode ocorrer mesmo fora de tarefas específicas.


4. A Armadilha da Consciência Ativada (72 Horas)


Hoje, com redes sociais e estímulos constantes, muitos jovens vivem em estados de consciência ativada. Isso acontece quando um Eu é ativado por algo (um post, um vídeo, uma polêmica) e, em vez de se dissolver, é retroalimentado.


Um experimento mostrou que, ao ficar 72 horas sem smartphone, há mudança nas regiões cerebrais de recompensa e controle (Universidade de Würzburg, 2023). Isso sugere que padrões neurais podem se consolidar ou se reorganizar nesse intervalo.


Se durante essas 72 horas o estímulo for reforçado (por curtidas, debates ou repetições emocionais), o Eu ativado começa a parecer “real” e “necessário”. Essa é a formação de identidades emocionais artificiais, que moldam nosso comportamento e visão de mundo.


5. Por Que Isso é Perigoso?


Uma consciência ativada e realimentada:


* Se torna reativa, em vez de reflexiva.

* Entra em bolhas de previsibilidade emocional.

* Reforça identidades baseadas em conflito, medo ou validação externa.


 Isso se alinha com a Teoria da Informação Global (GNWT), que mostra que consciência depende da integração de múltiplas fontes de informação — mas se essa informação é repetitiva, ela vicia o sistema em padrões previsíveis.


Proposta de Pesquisa para Brain Bee


Título: Modulação de Estados de Consciência em Jovens Submetidos à Realimentação Emocional nas Redes Sociais


Hipótese: Estados de consciência ativada podem ser detectados por EEG (ondas gama e P3), e NIRS (aumento de OxyHb na ínsula e córtex pré-frontal), especialmente quando há reforço emocional periódico (≤ 72 h).


Método:


* Grupo A: estímulo emocional + reforço (notificações, interações).

* Grupo B: estímulo emocional sem reforço.

* Grupo C: grupo controle, sem estímulo.


Medidas:


* EEG (picos de atenção e ignição emocional)

* NIRS (oxigenação cerebral em ínsula e PFC)

* Questionário de autoimagem e percepção do eu antes/depois


Objetivo: Compreender como os “eus tensionais” se formam e se estabilizam a partir de interações repetitivas com tecnologia e pertencimento simbólico.


Conclusão: Uma Nova Porta para a Neurociência


A consciência não é um interruptor. Ela é um fluxo dinâmico entre corpo, mente e ambiente. Os “eus” são como notas de uma música: aparecem, vibram, passam. Mas se repetirmos sempre as mesmas notas, a música vira um ruído.


A proposta aqui é ajudar jovens cientistas a compreender que a consciência é viva, adaptativa, mas também vulnerável ao excesso de estímulos.


Ao investigar os eus tensionais, o metabolismo existencial e a realimentação emocional de 72 horas, abrimos uma nova janela para estudar como o cérebro constrói a realidade — e como podemos libertá-lo de seus próprios loops.

 
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Jackson Cionek

New perspectives in translational control: from neurodegenerative diseases to glioblastoma | Brain States