Tekoha - Educação Cooperativa Pós-Moderna
Tekoha - Educação Cooperativa Pós-Moderna
Uma reflexão crítica sobre as estruturas coloniais de poder, a fetichização do lucro e a necessidade de regeneração social por meio de práticas educativas colaborativas.
Tekohabitat - Educação Cooperativa Pós-Moderna
1. A Crença no "Eu" e no Ego: Raízes Coloniais e Capitalistas
A noção do "Eu" individualista, associada ao ego como centro das decisões, está enraizada em paradigmas coloniais e capitalistas que valorizam a competição, a acumulação de propriedades e a hierarquização social. Essa mentalidade, historicamente vinculada ao projeto colonial, reforça a ideia de que o sucesso depende da exploração de recursos (humanos e naturais) e da expansão territorial. O craving (desejo insaciável) por lucro e propriedade é um sintoma dessa estrutura, que prioriza a segurança das elites econômicas em detrimento do bem comum.
- Conexão com o livro “O Despertar de Tudo":
A obra questiona narrativas lineares sobre o surgimento do Estado e da democracia, destacando como sistemas políticos hierárquicos (como a República greco-romana) foram construídos para servir a interesses específicos, consolidando normas que beneficiam quem detém propriedade e poder. O Estado, nesse sentido, torna-se uma ferramenta de manutenção de privilégios, não de equidade.
2. A República como Projeto de Dominação
A origem da República, inspirada no modelo greco-romano, está ligada à imposição de regras que normalizam a exclusão. Enquanto a democracia ateniense excluía escravos, mulheres e estrangeiros, a República Romana centralizava o poder nas mãos dos patrícios. Esse legado persiste em Estados modernos que priorizam a proteção da propriedade privada e a segurança das classes dominantes, muitas vezes usando aparatos legais e militares para sustentar desigualdades.
- Exemplo contemporâneo:
A relação entre Estados e corporações globalizadas revela como leis e normas são moldadas para facilitar a acumulação de capital (ex: flexibilização trabalhista, privatização de recursos naturais), reforçando ciclos de exploração.
3. Decolonialidade e a Reimaginação da Liberdade
Os fundamentos decoloniais propõem desvincular a ideia de liberdade, Estado e democracia de suas raízes eurocêntricas. Isso implica:
- Reconhecer saberes marginalizados (indígenas, afrodiaspóricos, comunitários).
- Questionar a noção de "progresso" vinculada à destruição ecológica e à desigualdade.
- Repensar a democracia como um processo horizontal e participativo, não representativo e centralizado.
As sociedades pré-coloniais frequentemente operavam com sistemas de tomada de decisão coletiva e gestão comunitária de recursos, modelos que desafiam a lógica atual do Estado-nação.
4. Educação Cooperativa como Caminho Regenerativo
Aqui entra a proposta da educação cooperativa pós-moderna, uma pedagogia para "aprender a regenerar o mundo". Essa abordagem:
- Descoloniza o conhecimento: Valoriza práticas ancestrais e comunitárias, integrando éticas ecológicas e de cuidado.
- Promove colaboração: Substitui a competição por dinâmicas de cocriação, onde o aprendizado é coletivo e contextualizado.
- Desafia o individualismo: Redefine o "sucesso" não como acumulação, mas como bem-estar coletivo e regeneração socioambiental.
Escolas e universidades cooperativas podem adotar currículos que:
- Ensinem economia solidária e gestão comunitária de recursos.
- Estimulem a crítica às estruturas de poder coloniais e capitalistas.
- Integrem tecnologias sustentáveis e práticas agroecológicas.
5 Rompendo com a Lógica do "Ego" para Cultivar Comunidades
A mudança proposta requer desmontar a crença no "Eu" separado do coletivo e do ecossistema. A educação cooperativa, aliada a projetos políticos decoloniais, pode ser um instrumento para:
- Desconstruir o mito do lucro infinito: Mostrando que a verdadeira segurança vem da reciprocidade, não da acumulação.
- Fortalecer democracias radicais: Onde o Estado é reinventado como espaço de gestão comunitária, não de controle elitista.
- Regenerar o mundo: Alinhando aprendizados à justiça social e à sustentabilidade.
Como afirma o artigo da Brain Latam, "aprender é um ato político de reexistência". A educação, nesse sentido, não é apenas sobre transmitir informações, mas sobre transformar imaginários – e, com isso, regenerar futuros possíveis.