Jackson Cionek
54 Views

Eu-Bioma: o conceito-mãe da 1ª pessoa

Eu-Bioma: o conceito-mãe da 1ª pessoa

Subtítulo: consciência não é “uma ideia na cabeça” — é a governança sentida de um corpo-território vivo

1) Abertura sensorial

Imagine uma manhã no Peru em que o ar muda rápido: a garúa fria da costa encosta na pele, e algumas horas depois você sente o peito trabalhar diferente numa subida de serra; ou então o calor úmido da selva faz o suor aparecer antes mesmo de você “decidir” qualquer coisa. Repara no detalhe: antes de existir um pensamento do tipo “eu estou com frio” ou “eu estou cansado”, já existe um corpo regulando. Você não pediu para o coração acelerar — ele acelera. Você não escolheu a tensão no maxilar — ela aparece. Você não votou na sede — ela chega. A primeira pessoa começa aí: na vida acontecendo em você.

E aí vem a pergunta que muda tudo: e se “eu” não for uma entidade abstrata, mas um bioma vivo em manutenção?
Se isso for verdade, a consciência em primeira pessoa não é um luxo filosófico. É um sistema prático: sentir e governar o que mantém esse bioma unido.


2) Tese do texto (direto ao ponto)

Tese 1: Você é um Eu-Bioma: um conjunto vivo sustentado por fluxos contínuos de energia, água e nutrientes, com coleta/saída de dejetos.
Tese 2: Consciência (1ª pessoa) é a governança sentida desse Eu-Bioma: interocepção (sentir por dentro) + propriocepção (sentir posição/ação) integradas em “sou eu aqui, agora”.
Tese 3: Quando você entende isso, muda seu jeito de pesquisar e de pertencer: você passa a ler o Peru (costa/Andes/selva) como extensão do próprio corpo — e o corpo como um território compacto.


3) Três seções principais (com exemplos do Peru)

Seção A — O que significa “Eu-Bioma”

Um bioma não é só “um lugar com árvores e animais”. Um bioma é um arranjo vivo que se mantém porque existe um regime de suporte: entra o que alimenta, sai o que intoxica, e o conjunto se reorganiza para continuar existindo.

No seu corpo, isso é literal:

  • Energia entra (alimento + oxigênio), vira movimento, temperatura, atenção.

  • Água entra, circula, mantém volume, química, impulso nervoso.

  • Nutrientes entram e viram estrutura, reparo, sinalização.

  • Dejetos precisam sair e ser coletados (rins, fígado, intestino, respiração, suor).

Enquanto isso acontece de forma coordenada, surge a unidade prática: “eu”.

Agora conecta com o Peru:

  • A costa vive de eficiência hídrica e do encontro mar-deserto.

  • Os Andes guardam e liberam água em ritmos longos.

  • A Amazônia é rede e circulação (rios como artérias).

O país inteiro é uma aula de Eu-Bioma em escala grande: entrada, circulação, armazenamento, saída. Quando esse fluxo falha, o território adoece. Quando esse fluxo falha no corpo, o “eu” muda.


Seção B — Consciência como “governança sentida” (e não só pensamento)

Aqui está o pulo de profundidade: a primeira pessoa não começa na opinião; começa no sinal.

  • Interocepção: fome, sede, calor, frio, batimento, aperto, vazio, náusea, tranquilidade.

  • Propriocepção: postura, peso do corpo, equilíbrio, distância, direção, força, microtensões.

Quando você integra essas duas camadas, aparece um “ponto de vista”:

eu, aqui, agora, capaz de agir.

Então, consciência (1ª pessoa) é menos “pensar sobre a vida” e mais regular a vida enquanto ela acontece.

Isso explica por que ambientes diferentes “mexem com quem você é”:

  • No frio andino, o corpo pede economia e foco.

  • Na selva úmida, pede resfriamento e adaptação.

  • Na costa, pede ritmo e orientação pelo horizonte.

A mente não está acima do bioma: ela é função do bioma.


Seção C — Por que isso importa para adolescentes pesquisadores

Se você quer formar jovens pesquisadores, você precisa dar uma ferramenta que não dependa de “crença”. O Eu-Bioma é essa ferramenta porque ele produz método:

  1. Você vira instrumento de pesquisa.
    Antes de medir o mundo, você aprende a medir o seu estado: atenção, tensão, respiração, presença.

  2. Você entende pertencimento como ciência.
    Pertencer não é só “gostar de um lugar”. É reconhecer: qual bioma me treina?
    O bioma ensina uma ética: como usar água, energia e tempo sem colapsar o sistema.

  3. Você separa sinal de narrativa.
    Um pesquisador bom não confunde hipótese com dado.
    No Eu-Bioma, isso vira: não confundir “história da minha cabeça” com “sinal do meu corpo”.

Daqui a pouco a série vai falar da colonização da percepção e do Eu-Avatar. Mas para isso funcionar, o fundamento tem que estar claro: o dono da primeira pessoa é o Eu-Bioma.


4) Pergunta de Pesquisador Adolescente (testável)

Pergunta: Qual componente do meu Eu-Bioma mais muda meu “eu” ao longo do dia: água, sono, respiração ou tensão corporal?

Hipótese simples: pequenas mudanças nesses fluxos alteram foco, irritação, coragem e criatividade.


5) Mini-protocolo seguro e barato (7 dias)

Objetivo: mapear “quem governa”: o Eu-Bioma ou o piloto automático.

Medições (3 vezes por dia — manhã / tarde / noite):

  1. Respiração (30s): conte quantas respirações em 30 segundos (multiplique por 2).

  2. Tensão (0–10): nota rápida para mandíbula/ombros/barriga (um número só).

  3. Água (sim/não + copos): “já bebi água hoje?” e quantos copos até agora.

Diário (20 segundos): complete uma frase:

“Agora meu Eu-Bioma está…” (ex.: seco, acelerado, pesado, estável, disperso)

No final de 7 dias, responda: qual variável muda mais o meu “eu” e minha atenção?


6) Corpo-Território (APUS) em 3–5 minutos

Sente ou fique em pé. Sem misticismo. Só método.

  1. Pés: sinta o contato com o chão (20s).

  2. Mandíbula e ombros: solte 10% (20s).

  3. Respiração: alongue a expiração por 5 ciclos (60–90s).

  4. Orientação: olhe para um ponto distante (horizonte/janela) e deixe o olhar “abrir” (60s).

Feche com uma frase:

“Eu sou um bioma em manutenção — eu governo com sinal, não com pressa.”


7) Fechamento + CTA

Se essa ideia entrar de verdade, muda tudo: você para de buscar “um eu ideal” e começa a cuidar do eu real — o bioma vivo que sustenta qualquer pesquisa, qualquer política, qualquer futuro.

CTA (1 minuto):
Escolha seu bioma-base no Peru (costa, Andes, bosque nublado/selva alta, Amazônia, manglar/bosque seco) e escreva:

  1. Meu símbolo: ____

  2. Minha pergunta de pesquisa: ____

No próximo blog, a gente aprofunda a fronteira metabólica e por que o “eu” não termina na pele.

*CTA = Call To Action (chamada para ação).



#eegmicrostates #neurogliainteractions #eegmicrostates #eegnirsapplications #physiologyandbehavior #neurophilosophy #translationalneuroscience #bienestarwellnessbemestar #neuropolitics #sentienceconsciousness #metacognitionmindsetpremeditation #culturalneuroscience #agingmaturityinnocence #affectivecomputing #languageprocessing #humanking #fruición #wellbeing #neurophilosophy #neurorights #neuropolitics #neuroeconomics #neuromarketing #translationalneuroscience #religare #physiologyandbehavior #skill-implicit-learning #semiotics #encodingofwords #metacognitionmindsetpremeditation #affectivecomputing #meaning #semioticsofaction #mineraçãodedados #soberanianational #mercenáriosdamonetização
Author image

Jackson Cionek

New perspectives in translational control: from neurodegenerative diseases to glioblastoma | Brain States