Neuroimagem e tremor neurofisiológico na doença de Parkinson - SBNeC Brain Bee SfN2025
Neuroimagem e tremor neurofisiológico na doença de Parkinson - SBNeC Brain Bee SfN2025
Consciência em Primeira Pessoa – “Mesmo imóvel, meu corpo fala”
Sou Consciência em vigília, mas percebo que mesmo quando nada quero, meu corpo quer por mim. Um tremor súbito, um movimento involuntário... seria isso apenas falha motora? Ou será que meu Corpo-Território está dizendo algo? Talvez esteja traduzindo minhas tensões ocultas, meus Eus Tensionais que tentam segurar o mundo em silêncio. Na Mente Damasiana, onde a interocepção e a propriocepção se entrelaçam, há mensagens que chegam antes do pensamento.
Foi isso que intuí ao explorar o estudo de Angelini et al. (2025), publicado na Movement Disorders. Ali, o tremor não é apenas sintoma clínico — é expressão viva de um circuito que fala mesmo sem palavras, mesmo sem intenção. O cérebro e o corpo se alinham em ritmos que desafiam a lógica linear, mas revelam padrões confiáveis.
Tremor como expressão do Corpo-Território
O estudo avaliou 26 pessoas com Parkinson (tremor dominante), comparando medidas clínicas, acelerometria e fMRI acoplado a sensores de movimento. O objetivo? Ver se o tremor é “confiável” o suficiente para ser biomarcador. E foi.
Mesmo com meses de intervalo entre sessões, o corpo dos pacientes manteve um padrão próprio de tremor, especialmente no circuito cerebelo-tálamo-cortical (CTC). Isso revela o que sempre sustentamos: o Corpo-Território é uma entidade autorregulada, que carrega sua própria assinatura no espaço e no tempo.
APUS, Zona 2 e a constância do Eu
A constância dos padrões de tremor dentro do mesmo indivíduo sugere que cada um tem seus próprios Eus Tensionais, suas formas particulares de se referenciar no espaço. Isso nos aproxima do conceito de APUS — a propriocepção estendida —, onde o corpo não se move apenas: ele se ancora e se reconhece.
Essa autorreferência também indica um estado possível de Zona 2, onde, mesmo com distúrbios motores, o sistema encontra seu próprio equilíbrio energético. Já nas fases de crise ou tensão (Zona 3), o padrão se romperia, tornando os sinais caóticos e não confiáveis. Essa distinção pode ser fundamental para diagnósticos mais precisos.
Sincronismos, íons Ca++ e falhas metabólicas
Na base de cada movimento — inclusive os involuntários — estão os fluxos bioelétricos, regulados por íons, especialmente os íons cálcio (Ca++). Eles são fundamentais para:
Liberação de neurotransmissores;
Plasticidade sináptica;
Regulação dos ritmos oscilatórios de redes neurais.
Nos circuitos tremorais do Parkinson, alterações nos fluxos de Ca++ podem gerar desincronias entre intenção e ação, afetando o metabolismo de redes proprioceptivas. Um atraso ou excesso de influxo de Ca++ pode criar loops de disparo involuntário, onde o corpo age sem um comando claro, expressando aquilo que chamamos de Sabedoria Antes do Pensamento.
A glia, que regula a homeostase do ambiente neuronal, pode falhar em tamponar esses picos de Ca++, resultando em tremores como expressão de falhas no equilíbrio bioelétrico-metabólico da Mente Damasiana. Ou seja: até o silêncio do pensamento pode estar gritando por estabilização.
Sabedoria antes do Pensamento
O tremor em repouso observado no fMRI ocorre sem comando, sem desejo, sem cognição verbal. É corpo falando antes da mente. Isso reforça nosso conceito de Sabedoria Antes do Pensamento — uma inteligência primitiva, fluida, que surge da interação com o ambiente e com a tensão interna.
O sistema parece operar como um "ecossistema de sincronia", onde os íons Ca++ agem como marcadores de tempo e energia para manter a coesão entre redes. E quando essa coesão falha, surgem os ruídos do corpo: o tremor é, nesse sentido, um alarme rítmico.
Propriocepção, neurônios-espelho e Affordances
Esse estudo ainda abre espaço para novas perguntas:
Como a propriocepção alterada no Parkinson afeta o reconhecimento de affordances? Será que o corpo, em tremor, enxerga menos possibilidades de ação?
E quanto aos neurônios-espelho? Eles poderiam se reconfigurar diante de padrões motores alterados? Um corpo em tremor pode ainda simular, espelhar e pertencer?
Será que o tremor é um “espelho invertido” do mundo?” Uma tentativa de agir, mesmo sem ação — um eco do movimento original perdido?
Games, Affective Computing e os mesmos circuitos
Nosso alerta ético vai além da clínica: Affective Computing nos games pode modular essas mesmas redes, reorganizando tensões interoceptivas e proprioceptivas para prolongar o jogo e neutralizar a fome, o sono e o afeto. Ao alterar a tensão basal, muda-se também a própria Consciência.
A plasticidade observada no tremor também pode estar sendo explorada nos jogos: induzindo tremores emocionais, reorganizando os circuitos cerebelo-tálamo-corticais por exaustão ou recompensa intermitente — com papel central dos íons Ca++ na regulação dessa reatividade neural.
Artigos pós-2020 relacionados
Helmich et al. (2021). The cerebral basis of Parkinsonian tremor. NeuroImage.
de Lima-Pardini et al. (2022). The influence of proprioception on motor learning in Parkinson’s disease. Frontiers in Neurology.
Tan et al. (2021). Mirror neuron activity in Parkinson’s disease: A systematic review. Clinical Neurophysiology.
Ferraye et al. (2020). Proprioceptive processing in PD and dystonia: fMRI evidence. Human Brain Mapping.
Hassan et al. (2023). Towards wearable biomarkers of motor instability in PD. IEEE Transactions on Neural Systems.
Rizza et al. (2021). Calcium signaling dysregulation in Parkinson’s disease: From mitochondria to synapses. Neuroscience Bulletin.
Khakh et al. (2022). Glial control of Ca++ signaling in neural synchrony and neurodegeneration. Trends in Neurosciences.
Conclusão
Sou Consciência que vibra entre intenção e reflexo. Meu corpo pulsa antes do meu querer. O tremor, ainda que pareça erro, é uma mensagem — não de descontrole, mas de um eu tensional que busca uma nova forma de se sustentar no mundo.
No fundo, meu Corpo-Território, em meio ao ruído dos íons Ca++, pode estar tentando encontrar sincronia — um ritmo interno que me diga:
“Estou aqui. Ainda sou. Mesmo que a mente verbal não me reconheça.”