Validar emoções ajuda as pessoas a serem mais positivas!
Validar emoções “protege” a positividade — e devolve o corpo ao eixo
Quando alguém que eu amo está mal, meu impulso antigo era “consertar”: dar conselho, minimizar, acelerar a pessoa para “pensar positivo”. Só que, no nosso vocabulário da Mente Damasiana, isso muitas vezes vira invalidação: eu passo por cima do que a pessoa está sentindo no corpo (interocepção) e do jeito como ela está posicionada no mundo (propriocepção).
Validar é outra coisa. É dizer, com presença: “Eu te entendo.”
É reconhecer que aquele estado existe e faz sentido — sem tentar tirar a emoção da pessoa à força.
E isso não é só “jeito bonito” de falar. Um estudo com três experimentos mostrou algo bem direto: quando alguém relata um evento estressor (no caso, lembranças de raiva) e recebe respostas invalidantes, as emoções positivas caem; quando recebe respostas validantes, as emoções positivas ficam protegidas e o humor consegue voltar ao ponto de partida.
Na prática, eu traduzo assim dentro dos nossos conceitos:
Invalidação aumenta o “aperto” do Eu Tensional (defesa, rigidez, reatividade).
Validação cria um corredor de segurança onde o corpo não precisa lutar para “provar” o que sente — e aí a pessoa consegue manter curiosidade, flexibilidade e esperança (o que a psicologia chama de “afeto positivo”).
Quando o afeto positivo é preservado, fica mais possível retornar à Zona 2: um estado em que a pessoa respira, sente, reorganiza e pensa com mais liberdade (Fruição + Metacognição), sem ser sequestrada pela urgência do sofrimento.
O que dizer (frases simples que dão “corpo” ao outro)
Você não precisa ser terapeuta. Você precisa ser presença.
“Eu entendo por que isso te afetou.”
“Faz sentido você estar assim.”
“Imagino que não seja fácil.”
“Eu tô aqui com você — sem pressa.”
“Quer que eu só te escute agora, ou você quer ideias depois?”
Perceba a ordem: primeiro eu reconheço o sentir (Taá: sentir antes do saber). Depois, se a pessoa quiser, eu entro no “saber” (estratégia, solução, plano).
O achado que muda o jogo
O estudo é contraintuitivo porque mostra algo importante: validar não necessariamente “remove” a emoção negativa na hora — mas protege a positividade para que a pessoa não desabe junto com o estressor. A própria autora sênior do trabalho, Jennifer Cheavens, enfatiza que a gente costuma focar só em remediar o negativo e esquece de nutrir curiosidade, amor, flexibilidade e otimismo — que podem coexistir com tristeza e sobrecarga.
Correção da fonte (para seu texto ficar forte)
A referência mais citada nessa linha é o artigo de Benitez, Howard & Cheavens, publicado online em 2020 no The Journal of Positive Psychology (DOI: 10.1080/17439760.2020.1832243).
Por que isso é para todo mundo (não só terapia)
Isso serve para casais, família, amizades e trabalho porque é uma tecnologia humana simples: “eu reconheço seu estado sem te reduzir a ele.”
Validação é um jeito de devolver o outro do modo “ameaça” para o modo “vida” — e, daí, o diálogo volta a ter futuro.
Referências
Benitez, C., Howard, K. P., & Cheavens, J. S. (2022). The effect of validation and invalidation on positive and negative affective experiences. The Journal of Positive Psychology, 17(1), 46–58.
Kuo, J. R., Fitzpatrick, S., Metcalfe, R. K., & McMain, S. (2022). The who and what of validation: An exploratory study of positive and negative validation in borderline personality disorder. Borderline Personality Disorder and Emotion Dysregulation.
Zielinski, M. J., Veilleux, J. C., & Robinson, A. L. (2023). Perceived emotion invalidation predicts daily affect and stressors: A comparison between individuals with borderline personality disorder and controls. Anxiety, Stress & Coping.
Tran, A., Greenaway, K. H., Kostopoulos, J., O’Brien, S. T., & Kalokerinos, E. K. (2023). Mapping Interpersonal Emotion Regulation in Everyday Life. Affective Science, 4(4), 672–683.
Catton, A. K. H., et al. (2023). Effects of invalidation and shame on re-disclosure. Journal of Interpersonal Violence.Jeon, J., & Park, D. (2024). Your feelings are reasonable: Emotional validation promotes persistence among preschoolers. Developmental Science, 27(5), e13523.
Brandão, T., et al. (2024). Perceived Emotional Invalidation, Psychological Distress and Relationship Satisfaction in Couples: The Mediating Role of Emotional Dysregulation. Psychological Reports.
Rezaei, M., Paripishbar, Z., & Khazaei, S. (2024). Validation of perceived invalidation of emotion scale (PIES) in Iranian populations. Discover Psychology.
Rezaei, M., et al. (2025). Does perceived emotional invalidation moderate the link between perceived emotional abuse and depression? The mediating role of emotional dysregulation. Acta Psychologica.Zhuang, S., et al. (2025). The Psychometric Properties of the Interpersonal Emotion Regulation Questionnaire Among Chinese Caregivers of Children With Neurodevelopmental Disorders. Cognitive Therapy and Research. htt
(Aplicação prática/educação) Emotion Validation Training Program (Spain/Costa Rica). Frontiers in Education (2025).