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Uso Abusivo de Telas na Primeira Infância - Riscos para o Desenvolvimento do Apus Imagético e da Alta Performance Neurocorporal

Uso Abusivo de Telas na Primeira Infância - Riscos para o Desenvolvimento do Apus Imagético e da Alta Performance Neurocorporal

Uso Abusivo de Telas na Primeira Infância
Uso Abusivo de Telas na Primeira Infância


Resumo

Uso Abusivo de Telas na Primeira Infância
Uso Abusivo de Telas na Primeira Infância

O uso precoce e intensivo de telas digitais na primeira infância compromete o desenvolvimento de funções neurocognitivas fundamentais para a formação da imaginação motora, da propriocepção expandida e da antecipação corporal complexa — fenômenos centrais no que este artigo denomina Apus Imagético. Argumenta-se que o uso de smartphones e jogos digitais abaixo dos 14 anos deve ser fortemente regulado, e que o tempo de exposição a telas deve obedecer diretrizes rígidas baseadas na maturação neurofisiológica do córtex associativo. A falta de movimento livre, brincadeiras simbólicas e interação corpo-ambiente na infância pode gerar um déficit duradouro na construção de futuros Eus performáticos de alta precisão adaptativa.


1. Introdução: A Crise do Corpo na Infância Digital


O avanço da tecnologia digital criou um ambiente nirs-eeg-o-onde-e-o-que-no-cerebro" target="_blank" rel="noopener noreferrer">onde crianças são expostas a estímulos audiovisuais desde os primeiros meses de vida. Tablets, smartphones e jogos eletrônicos, embora atrativos, operam com alta densidade de estímulos visuais e auditivos, mas com baixa exigência de sincronia motora real e interação com o espaço físico. Isso compromete a consolidação da **propriocepção interativa** e do uso ativo da imaginação para estruturar cenários e ações futuras.


O Apus Imagético, enquanto função cognitivo-motora de alta performance baseada na simulação interna de possibilidades corporificadas, exige:


* Desenvolvimento robusto da propriocepção;

* Capacidade de evocar imagens motoras com precisão;

* Integração fluida entre percepção, antecipação e ação.


Esses aspectos são diretamente moldados nas **interações livres com o ambiente físico** nos primeiros anos de vida.


2. A Formação do Apus Imagético e a Necessidade do Corpo em Movimento


Estudos demonstram que a atividade motora precoce está relacionada ao desenvolvimento de redes neurais complexas responsáveis pela simulação e antecipação de movimentos (Trevarthen, 2001; Gabbard, 2008). Crianças que exploram o espaço com liberdade constroem circuitos córtico-subcorticais que servem de base para simulações motoras futuras (imaginação ativa), fundamentais para o desempenho esportivo, artístico ou científico.


A ausência dessas experiências limita a construção de mapas internos de ação — base daquilo que aqui se chama Apus Imagético: um campo de antecipação sensório-motora estruturado em tempo real.


3. Telas, Dopamina e Inibição do Imaginário Motor


Dispositivos eletrônicos operam por meio de ciclos de recompensa dopaminérgica rápida, que encurtam a tolerância ao tédio, desorganizam a atenção sustentada e promovem passividade perceptiva (Christakis et al., 2018). A longo prazo, isso inibe a formação de microstates cerebrais coerentes com a imaginação ativa e desloca o foco da criança para estímulos externos pré-fabricados.


Em outras palavras: a criança deixa de construir **simulações corporificadas internas** e passa a consumir narrativas visuais que *roubam* o papel criativo do córtex associativo.


4. Diretrizes de Segurança Neurodesenvolvimental


Com base em evidências acumuladas por organismos internacionais (OMS, AAP, Unesco), recomenda-se:


*  0 a 2 anos: Zero exposição a telas. A prioridade deve ser a construção da interocepção e propriocepção por meio de toque, afeto, movimento e exploração sensorial real.


*  3 a 6 anos: No máximo 30 minutos por dia com supervisão ativa de adultos e apenas com conteúdos que estimulem movimento e narrativa simbólica.


*  7 a 12 anos: Até 1 hora por dia, sempre alternando com atividades motoras e sem uso em contextos passivos (refeições, antes de dormir).


*   Menores de 14 anos: Uso de smartphones pessoais deve ser evitado. A partir dos 14 anos, a formação das áreas pré-frontais, o eixo simbólico motor e o senso de responsabilidade já permitem uma relação mais consciente com tecnologias móveis.


*   Jogos eletrônicos de alta intensidade visual: Acesso apenas a partir dos 12 anos com limite de 1 hora por dia, preferencialmente intercalado com exercícios físicos.


5. Riscos de longo prazo: Do déficit de imaginação à falência do corpo tático


A criança que cresce imersa em telas desenvolve um corpo pobre em memória proprioceptiva. Isso gera:


* Redução da inteligência motora.

* Dificuldade em projetar-se em ambientes complexos.

* Fragilidade para desenvolver EUs performáticos (atores sociais, atletas, líderes).

* Baixo desenvolvimento de microstates cerebrais coerentes com decisões rápidas e criativas.


A neuroplasticidade da infância é um recurso biológico não replicável posteriormente. O que não for construído nas fases críticas do desenvolvimento raramente poderá ser recuperado integralmente.


6. Considerações Finais


A infância é o terreno sagrado da construção dos futuros EUs. O uso abusivo de telas desestrutura esse processo ao reduzir o corpo à passividade visual. O Apus Imagético, função essencial de alta performance e previsão sensório-motora, exige experiências simbólicas livres, corpo em movimento, brincadeiras com regras e imaginação ativa. O preço de não respeitar esse processo é a geração de seres humanos desacoplados de si, inábeis para o gesto criativo e dependentes de estímulos externos para orientar sua ação no mundo.


Referências


* Christakis, D. A., et al. (2018). The effects of infant media usage: what do we know and what should we learn? *Acta Paediatrica*, 107(1), 34–36.

* Trevarthen, C. (2001). Intrinsic motives for companionship in understanding: Their origin, development, and significance for infant mental health. *Infant Mental Health Journal*, 22(1–2), 95–131.

* Gabbard, C. (2008). *Lifelong Motor Development*. Pearson.

* Michel, C. M., & Koenig, T. (2018). EEG microstates as a tool for studying the temporal dynamics of whole-nirs-fnirs-brain-tuning-a-study-of-hyperscanning-and-intercerebral-coherence-in-the-educational-context" target="_blank" rel="noopener noreferrer">brain neuronal networks. *NeuroImage*.

* American Academy of Pediatrics (AAP). (2016). Media and Young Minds. *Pediatrics*, 138(5), e20162591.

* World Health Organization (WHO). (2019). *Guidelines on physical activity, sedentary behaviour and sleep for nirs-fnirs-applicability-in-children-with-hearing-impairment" target="_blank" rel="noopener noreferrer">children under 5 years of age*. Geneva.

 

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