Jackson Cionek
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Sandman e o Sonho como Perpétuo - Consciência Damasiana e Integração das Zonas

Sandman e o Sonho como Perpétuo - Consciência Damasiana e Integração das Zonas


Já senti que meus sonhos eram mais antigos do que eu mesmo.
Como se algo os sustentasse além da minha história, algo que organiza mundos inteiros.
Em Sandman, esse algo tem nome: Sonho dos Perpétuos, Morfeu. Ele não é deus, mas princípio — a personificação do sonhar que atravessa humanos, animais, culturas e tempos.


O Paradigma Original: Sonhar como Força Cósmica

Nos povos originários, o sonho não era apenas uma função biológica, mas força cósmica de conexão.
Sonhar era estar em contato com outros mundos, com ancestrais, com territórios invisíveis que modulavam o visível.
O sonho não era “meu”, mas nosso, sustentando mitos, rituais, pertencimentos.
Sonho, em Sandman, encarna esse paradigma: ele é perpétuo porque o sonhar sempre esteve presente, desde antes do humano.

O avatar Olmeca diz: “O sonhar é fundamento, não invenção. Ele é território em que tudo se encontra.”


A Domesticação do Velho Mundo

O Velho Mundo quebrou o sonho em partes:

  • A religião o submeteu ao dogma, como profecia ou revelação exclusiva.

  • A filosofia cartesiana o tratou como engano dos sentidos.

  • A ciência reducionista o limitou a epifenômeno sem valor.

  • O mercado o sequestrou, transformando sonhos em slogans e desejos de consumo.

Em Sandman, vemos Morfeu lutar contra essas capturas: quando é aprisionado por humanos, seu reino se arruína — metáfora da domesticação que empobrece nossa capacidade de sonhar coletivamente.


Ciência do Sono e Evidências

A neurociência mostra que o sonhar não é ilusão, mas função integrativa da mente:

  • No N1, surgem imagens fragmentadas, transição entre vigília e sono.

  • No N2, consolidamos memórias e aprendizagens, tecendo narrativas coerentes.

  • No N3, restauramos corpo e energia, baseando a sustentação vital.

  • No REM fásico, emergem narrativas vívidas, integração emocional.

  • No REM tônico, o cérebro trabalha identidade e autoimagem.

Todas essas fases juntas sustentam o que Antonio Damasio chama de consciência nucleada: o corpo narrando a si mesmo em fluxo.

Sonho, em Sandman, é justamente esse perpétuo: a continuidade da consciência que se refaz noite após noite.


Zona 1, Zona 2 e Zona 3

  • Zona 1: quando o sonhar é reduzido ao instinto individual, sem consciência.

  • Zona 2: quando o sonhar é partilhado, modulando pertencimento e criatividade coletiva.

  • Zona 3: quando o sonhar é domesticado em dogma ou mercadoria, perdendo sua potência.

O desafio é mover-se da prisão da Zona 1 e do sequestro da Zona 3 para viver plenamente na Zona 2, onde o sonhar se torna prática de liberdade e pertencimento.


Síntese Final

Sandman é mais que fantasia sombria: é uma alegoria do sonhar como fundamento da existência.

  • Nos paradigmas originais, o sonho era força cósmica e coletiva.

  • No Velho Mundo, foi domesticado e reduzido.

  • Na ciência, vemos que cada fase do sono contribui para a integração do corpo, da memória e da identidade.

  • Nos nossos conceitos, o sonhar é dimensão perpétua da Consciência Damasiana, sustentada nas zonas do ser.

Ou, como conclui o avatar Olmeca:
“O Sonho é perpétuo porque não é propriedade. Ele é território comum, onde a vida se reinventa a cada noite.”


Referências sugeridas:

  • Graeber, D. & Wengrow, D. (2021). O Despertar de Tudo: Uma Nova História da Humanidade.

  • Damasio, A. (2010). Self Comes to Mind: Constructing the Conscious Brain.

  • Hobson, J. A. (2009). REM sleep and dreaming: Towards a theory of protoconsciousness. Nature Reviews Neuroscience.




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Jackson Cionek

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